Quem de nós nunca teve um momento de extrema dor? Quem nunca sentiu, em algum momento da vida, vontade de desistir?
Quem nunca se sentiu só, extremamente só, e teve a sensação de haver perdido a esperança?
Nem as pessoas famosas, ricas, importantes, estão livres de ter seus momentos de solidão e de profunda amargura. Foi o que aconteceu a um dos mais conhecidos compositores de todos os tempos, chamado Ludwig van Beethoven, nascido em 1770, em Bonn (Alemanha).
Beethoven vivia um desses dias tristes, sem brilho e sem luz. Estava muito abatido pelo falecimento de um príncipe alemão, que era como um pai para ele.
O jovem compositor sofria de uma grande carência afetiva. Seu pai era alcoólico e o agredia fisicamente. Faleceu em consequência disso.
Sua mãe morreu muito jovem e seu irmão biológico nunca o ajudou em nada. Some-se a tudo isso, o agravamento de sua enfermidade: sintomas de surdez começaram a perturbá-lo, deixando-o nervoso e irritado. Beethoven somente podia ouvir usando uma espécie de corneta em seu ouvido. Ele levava sempre consigo um papel ou um caderno para que as pessoas escrevessem suas ideias e assim, poder comunicar-se. Mas nem todas tinham paciência para isso, nem para esperar que lessem seus lábios; notando que nada entendia, no o ajudavam.
Beethoven se retraiu e se exilou. Por isso ganhou a fama de misantropo. Foi por essas razões que o compositor caiu em profunda depressão. Chegou a escrever um testamento, dizendo que ia se suicidar.
Mas, como nenhum filho de Deus está esquecido, chegou a ajuda espiritual através de uma moça cega, que vivia na mesma pensão que ele e que lhe disse quase gritando: “Eu daria tudo para poder ver uma noite de luar". Ao ouvi-la, Beethoven se emocionou até às lágrimas. No final das contas, ele podia ver! Ele podia colocar sua arte em suas composições.
A vontade de viver se renovou e então compôs uma das peças mais famosas da humanidade: a sonata “Claro de Luna”. Em seu tema, a melodia imita os passos lentos de algumas pessoas, possivelmente os seus ou de outros, que levavam o caixão mortuário do príncipe, seu protetor.
Olhando o céu prateado pela Lua e recordando a moça cega, como a se perguntar a razão da morte de um mecenas tão querido, ele mergulha em um momento de profunda meditação transcendental.
Alguns estudiosos de música dizem que as três notas que se repetem, insistentemente, no tema principal do primeiro movimento da Sonata, são as três sílabas da palavra “why?” ou outra palavra sinônimo, em alemão.
Anos após haver superado o sofrimento, comporia o incomparável Hino da Alegria, a 9ª sinfonia, que coroa a missão deste compositor, já totalmente surdo. Esta sinfonia expressa sua gratidão à vida e a Deus, por não haver se suicidado.
Tudo graças àquela moça cega, que lhe inspirou o desejo de traduzir em notas musicais uma noite de luar. Usando sua sensibilidade, Beethoven retratou através da melodia a beleza de uma noite banhada pela claridade da Lua, para alguém que não podia ver com os olhos físicos.
Beethoven morreu em 1827, em Viena, Áustria